“Essa ciranda quem me deu foi Lia, que mora na Ilha de Itamaracá”. Cirandeira conhecida por Lia de Itamaracá tem o nome de batismo Maria Madalena Correia do Nascimento. Mulher negra, nascida em 12 de Janeiro de 1944, na Ilha de Itamaracá, Pernambuco. Foi na Ilha que começou a participar de rodas de Ciranda desde os 12 anos de idade. Foi a única de 22 irmãos a se dedicar à música. Segundo ela, trata-se de um dom de Deus e uma graça de Iemanjá, sua mãe protetora. Mulher simples, com 1,80m de altura, canta e compõe desde a infância e hoje é reconhecida no Brasil e fora do país, como expressão da cultura do Nordeste Brasileiro.
Lia iniciou sua trajetória nos anos de 1960. Em 1977, gravou seu primeiro disco, intitulado A Rainha da Ciranda. Ela é considerada Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco. Em 2005 recebeu o título de Comendadora da Ordem do Mérito Cultural do Governo Federal.
Pena que a ciranda, essa dança tão típica de Pernambuco esteja tão esquecida nos dias de hoje. Na década de 70 ocorriam rodas de ciranda no Pátio de São Pedro, na pracinha de Boa Viagem, na praia do Janga e na Ilha de Itamaracá. Cirandeiros como Mestre Baracho, Dona Duda e a própria Lia eram ídolos do publico que adorava esse folguedo. Os compositores Edu Lobo e Capinam criaram a musica “Cirandeiro”, que o Rei Luiz Gonzaga gravou. Lamentavelmente, a ciranda deixou de ser tão popular como era antes, certamente por culpa dos órgãos que cuidam da nossa cultura popular. Lia continua viva e atuante, realizando eventos e lutando para que essa relíquia do folclore nordestino não seja nunca esquecida.
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